segunda-feira, 27 de junho de 2011

BRINCADEIRA DE CRIANÇA

BRINCADEIRA DE CRIANÇA

          As nuvens passam diante de minha janela, deitado, acordado, como um carrossel de criança a girar ao som dos ventos. Suas formas se transformam no que a gente quiser.
          Vejo um dragão chinês, suas labaredas atingem o exército japonês, aos poucos ele perde a força, já não solta mais lampejos e se transforma numa águia a lutar pela liberdade, suas asas são cortadas, sem sucesso é banida no cogumelo de fumaça. Agora vejo um muro derrubado que separava corações, se transformar num guerreiro sem escrúpulos que explode na multidão.
          As nuvens carregadas precisam lavar a alma, chorando deságuam suas mágoas e tristezas nos rios que correm para o mar. No meio do mar vejo casas derrubadas e alagadas, gente e dor de quem não tem nada a ver com isto. Lá vem o vento na esperança de formar novas nuvens e dar asas à minha imaginação.
          Vejo terras sem fim, muito grandes com cercas em toda a volta, o povo desejoso de possuí-las não consegue. Suas florestas devastadas se transformam em cortina de fumaça. Novamente carregadas, choram amargamente no vai e vem das correntes de ar.
          Deitado em meu quarto, ouvindo uma gaita irlandesa, vejo a nobreza tirar a coroa. Não desisto, minha imaginação ao olhar as nuvens no céu de brigadeiros e generais irão me dar à visão de algo belo e singelo como as flores dos campos de primavera.
Por Paulo Figueiredo




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