segunda-feira, 18 de julho de 2011

TÚNEL DO TEMPO

                              TÚNEL DO TEMPO

Enquanto assistia a um programa de televisão, numa TV turbinada de 14 polegadas, sobre a língua portuguesa e as culturas desses países num leito de hospital; percebi que eu era fruto dos enlatados americanos. Sem compreender por que sentia uma revolução dentro de mim, lembrava-me dos tempos de criança:
 - National Kid lutando contra os Incas Venuzianos, - Auika!
 - Superman com seu pega rapaz voando da janela.
 - O cheiro do hot-dog geneal do Maracanã.
Nascido nos Estados Unidos do Brasil sonhava com a minha terra natal: a extinta Guanabara da bandeira dos golfinhos;
- Cadê os golfinhos da baía ou será Bahia, já não sei mais, o que fizeram?
- Onde estava eu quando meu cérebro era abduzido!
- Em que momento fui clonado no sexto dia?
Lembro-me da frigider com um pinguim em cima dela, da telefunken, nossa primeira televisão a cores que na verdade não era a cores, possuía um sistema revolucionário de tela colorida que deixava o branco azulado.  Lembrava das brincadeiras de infância: a rua cheia ao entardecer, disputávamos quem seria o grande chefe, ninguém queria ser a carniça.
- Cemitério pegou fogo, alguém gritou!
Aquele bando de crianças correndo para a primeira bica que se conhecia para encher as burras d’água e cuspir nos pés da carniça.
- Unha de gavião, eu dou ninguém dá...
Que delícia eram as tardes louras dos tempos de criança. Rodar pneu, bola de gude:
- Marraio, companha, bi companha... olha o rapa!...

- Como assim?
- O que você quer dizer?
- Hoje não tem crianças nas ruas?
- O que fizeram ou não fizeram; não fazem mais filhos hahahahaha, 
- O que?
- abduzidos?
- Herodes está de volta?
- Não! pior?
- As crianças, o que?
- Estão na rede?
- LCD! Xbox! Nintendo!  O que é isso?  Uma variação do LSD. X-man, não entendo....
Os jogos e as brincadeiras agora são via rede de computadores,
- Cruz credo, parece piada. As gatinhas namoram por msm, Orkut, FACEBOOK o que é isso?
- Ah! Tá! uma pandemia mundial, não deixam as pessoas saírem nas ruas para não se contaminar; eu sabia que isso ia acontecer, os filmes de Flash Gordon já falavam sobre essa época....
Lembro-me dos passeios de aero-willians, rural, zinca, que fazíamos; não tinham cinto de segurança, era uma diversão só, pular por cima dos bancos... e do Galaxi que meu pai possuía com as indas e vindas da churrascaria Schiavini na Dutra aonde íamos todos os domingos para almoçar.
- Menina não vá para a barra com seu namorado lá é deserto e perigoso. Lugar abandonado pelo tempo, quem diria o que aconteceu com ela.  
Esse mundo está louco.
- Cultura Brasileira? Língua brasileira? Sandy e Junior? temos representação na ONU? 
- Nosso país não sofreu com a queda da economia americana? Um sindicalista Presidente da Republica? Uma mulher presidente da República?
-  Moçinha em que ano estamos? ....
- Não!!! um Presidente Americano negro? uauuuu
- Pior? o Zagalo está cotado para ser técnico da Seleção para 2014.
- Nãooooooooo, não, Isso é demais me tira o tubo de oxigênio que não suporto viver num mundo com tantas mentiras na televisão...
Por Paulo Figueiredo

sábado, 16 de julho de 2011

A ÚLTIMA LÁGRIMA

        São 2 horas da madrugada; estou aqui acordado ao som do Bread, na voz melódica de David Gates lembrando do passado. Lindos momentos que infelizmente não voltam mais; e você que está do outro lado desta tela a me ouvir com seus olhos, tentando imaginar porque escrevo estas coisas.
        Por que não consigo dormir? ...
        Se por um momento pudesse fechar os olhos e imaginar-te a meu lado;... você que um dia me fez sentir o perfume do amor. Desejei que o tempo parasse, só para olhar teu sorriso eternamente.
        Se por um momento atravessasse a camada tênua que nos separa agora, poderia sentir o suave dom da tua voz novamente. Não me deixe te esquecer. Por onde andar, meu coração estará tão perto como doces nuvens que atravesso quando penso em ti. Nunca te esquecerei, minha lembrança é tão vívida desde que nasci. Você me deu seu melhor sorriso, me afagou em seus braços, me cobriu de beijos e ternura; como posso me esquecer logo de voce; que me acudiu quando caí, que torceu por mim quando saí de casa pela primeira vez para estudar, que esteve presente em todos os momentos do meu aprendizado. Queria ter tido tempo de te apresentar a meus filhos, sei que iria amá-los como amou a mim; mas voce partiu antes que eu pudesse ser um homem. Hoje vivo das lembranças que me deixastes.  Sei que te encontrarei um dia para  abraçar-te com aquele abraço que não pude dar, olhar em teus olhos e colher a última lágrima.
Por Paulo Figueiredo
       
       De longe veio uma sombra
e o leite quente não mais estava sobre a mesa.
O cântico do Uirapuã não mais se ouviu,
apenas um choro e um nó amargo no peito.
      Quando o vento batia de encontro às janelas,
Trazia a saudade de velhos tempos,
Onde está você?
Por Paulo Figueiredo

terça-feira, 12 de julho de 2011

UM HOMEM CHAMADO VITOR

                                                 VITOR 

          Esse texto é um relato verídico de um homem que vamos chamá-lo de Vitor.
          Depois de meses sem encontrar trabalho, Vitor viu-se obrigado a recorre à mendicância para sobreviver, coisa que o entristecia e envergonhava muito.
          Numa noite fria de inverno, encontrava-se nas imediações de um clube social próximo de Brasília, quando viu um casal chegar num belo carro e vestidos para uma noite muito inspiradora. Vitor aproximando-se deles pediu algum trocado para poder comprar algo para comer. – fazia dias que não comia nada quente para afagar o frio da noite que lhe feria a alma.
          -   sinto muito, amigo, mas não tenho trocados – disse o homem. Sua esposa, ouvindo a conversa perguntou:
          -   que queria o pobre homem?
          - dinheiro para comer. Disse que tinha fome – respondeu o marido.
          - Lorenzo! Não podemos entrar aqui, participar dessa festa com tanta fartura da qual não necessitamos e deixar um homem faminto aqui fora! Exclamou à senhora.
          - hoje em dia há um mendigo em cada esquina! Aposto que quer dinheiro para encher a cara ou usar drogas!
          - tenho algum dinheiro comigo, vou dar-lhe alguma coisa!
          Mesmo de costa para eles, Vitor ouvia a tudo que diziam. Envergonhado, queria se afastar depressa daquele lugar, mas neste momento ouviu a amável voz da mulher que dizia:
          - meu bom homem, tem aqui algum dinheiro. Não precisa se envergonhar, você não é diferente só porque hoje precisa pedir para comer, você é um filho de Deus e em algum lugar existe um trabalho para você. Espero que o encontre.
          - obrigado senhora. Acaba de me fazer sentir melhor e capaz de começar novamente. A senhora me ajudou a recobrar o ânimo! Jamais esquecerei sua gentileza.
          - somente compartilhe com mais alguém que encontrar pelo caminho desse que posso chamar de “o pão da vida” – disse ela com um largo sorriso dirigindo mais a um homem do que a um mendigo.
          Vitor sentiu como se uma descarga elétrica lhe percorresse o corpo. Encontrou um lugar barato para se alimentar um pouco. Gastou a metade do que havia ganhado e resolveu guardar o que sobrara para o outro dia. Comeria o “pão da vida” por dois dias. Uma vez mais aquela descarga elétrica corria por seu interior.
          - um momento! Exclamou, não posso guarda isto somente para mim. Parecia-lhe escutar a melodia de um velho hino que tinha aprendido quando criança. Neste momento, passou a seu lado um velhinho.
          - quem sabe este pobre homem tenha fome, pensou – tenho que partilhar o que aquela senhora tão gentilmente me havia dado.
          - ouça! Exclamou Vitor dirigindo-se ao velho homem.
          - Gostaria de entrar e comer uma boa comida quentinha?   O velho se voltou e encarou-o sem acreditar.
          - você fala sério, amigo? O homem não acreditava em tamanha sorte, até que estivesse sentado em uma mesa coberta, com uma toalha e com um belo prato de comida quente na sua frente.
          Durante a ceia, Vitor notou que o homem envolvia um pedaço de pão com carne em sua sacola de papel.
          - está guardando um pouco para amanhã? Perguntou
          - não, não. É que tem um menino que conheço onde costumo dormir que estava passando mal e com muita fome, vou levar-lhe este pão.
“o pão da vida”! Recordou novamente as palavras da mulher e teve a estranha sensação de que havia um terceiro convidado sentado naquela mesa. Ao longe os sinos da Igreja pareciam entoar novamente a melodia do velho hino de infância. Os dois homens levantaram-se e caminharam até o local onde o menino se encontrava. Lá chegando partilharam do pão com ele, que o comeu com muita alegria. Ao largo passava também um cachorrinho bem tratado mas que parecia perdido, o menino chamando-o partilhou de parte de seu pão com ele. O “pão da vida” havia alcançado até a um pobre animal.
          - Até outro dia disse Vitor ao velho e se despediu. O cachorro acompanhou Vitor pela noite, ao brincar com ele, percebeu que o animal tinha uma coleira com um endereço gravado nela. O Local era bem distante dali, percebera que o cão tinha um dono e um lar e estava perdido, resolveu levá-lo até seu dono, assim que amanhecesse. Havia passando aquela noite junto com o animal. Ao chegar no local indicado, depois de uma tarde inteira de caminhada, bateu a porta; um senhor a abriu e logo reconheceu o cão, que latia como se também o tivesse reconhecido. O homem estranhou as roupas rasgadas do mendigo e imaginava que o havia roubado e agora estava devolvendo para receber ganhar algum dinheiro.
          - você veio atrás da recompensa?  disse o homem.
          - que recompensa?
          - Minha filha ficara doente com seu sumiço, e eu coloquei uma recompensa no jornal para quem o encontrasse, sou um empresário e não suportava ver minha filha doente.      
          - Espere que vou lhe pagar, afinal você o trouxe de volta.
          - não posso aceitar. Disse Vitor ao homem, que olhou para ele espantado não acreditando nas suas intenções.
          - somente queria que retornasse a seu dono, pois me fizera companhia numa noite muita fria, mas ele tinha um lar para onde voltar. O Homem surpreso com a resposta de Vitor e se compadecendo daquela pobre alma disse:
          - posso fazer algo pelo senhor! Vitor já não se sentindo um mendigo, disse: - gostaria de conseguir um trabalho, se puder me dar algo para fazer, serei inteiramente grato.
          - venha ao meu escritório amanhã bem cedo; com certeza terei algo para uma pessoa íntegra como você. Ao despedir-se deu-lhe uma peça de roupa, um par de sapatos e algum dinheiro, pedindo que o aceitasse como parte do adiantamento para que pudesse fazer a barba tomar um bom banho e dormir uma noite numa hospedaria.
          Ao voltar pela avenida, com o semblante da senhora que o havia ajudado, agora não mais somente lembrará a melodia do hino que ouvira em sua infância, mas cantava com alegria. “Partilhe o pão da vida, não o canseis de dar, mas não dês as sobras, daí com o coração, mesmo que doa.”  
Autor desconhecido - atualizado por Paulo Figueiredo               

                   Sinos de Metal

Sonhos lindos de criança
feito areia no portão
Sopra o vento, e a ribanceira
vão de encontro ao portão.
          Ai! Ai! De mim
          vou rever a solidão
          Ah! Olhos chorosos
          vão rolar as lágrimas.
Onde estiver meu coração
só vai levar saudades
dos sinos de metal
que soam na cidade
          Cresce em mim a esperança
          com a força das badaladas
          dos sinos de metal  
          que soam na cidade
E a força nasceu
do profundo silêncio
dos corações sofredores e
não da alegria.
Por Paulo Figueiredo

quinta-feira, 7 de julho de 2011

NAS ONDAS DO RÁDIO

                NAS ONDAS DO RÁDIO

          “Like flowers need rain, you know, I need you”!
          Há muitos anos essa música do grupo “América” não me sai da cabeça, é uma canção muito bonita que fala de amor e da necessidade de se estar juntos.
          Dentro de um campo do cerrado no planalto central, observava a poesia que emanava das forças da natureza. Podia ver o sol se pondo junto à linha da estrada, um vento suave e doce fazia bailar os pequenos arbustos como um grupo de dança folclórica. “A liberdade tem cheiro de mato” exclamei! Estava tudo tão perfeito...
          As horas se passavam e eu não queria deixar aquele lugar, era como se estivesse magnetizado olhando o horizonte da curvatura da terra e medindo os centímetros da movimentação do sol junto a ele. De repente toda essa harmonia fôra quebrada pelo tilintar das ondas de rádio, trazidas pelas correntes invisíveis.
          - Alô onde estás! Quero ouvir a tua voz. Não houve resposta... A noite caía bem devagar como uma ampulheta a contar os grãos de areia, o coração fora inundado pela saudade, e a paisagem se tornara uma penumbra a ser esmaecida.
          - “diz agora o que eu faço pr’a viver,
se a cada dia não consigo te esquecer”... - Michael Sullivan     Meu subconsciente não parava de cantarolar esta canção, sentado dentro do meu carro te imaginava pr’a vida inteira, meu peito abrira em soluços: de que serve o cheiro de mato, o vento a tocar em meu rosto, o gosta da liberdade, se seu preço é caro demais.
          Como uma miragem no deserto, não pude deixar de notar que a paisagem perdera a sua realeza com a chegada da noite. O silêncio se tornara cúmplice, não percebera que os raios de sol é que davam vida e harmonia.
          “Metade de mim, te ama e te adora,
          outra metade de mim precisa ir embora,
         estou com medo de ser feliz outra vez, então vem, vem viver outra vez, aqui”... – Vanessa Camargo
          Com o ouvido ligado nas ondas do rádio, ouvia outra canção que afagada a minha dor; ainda conectado no horizonte que lembrava mais uma vida sem altos e baixos, tentava equalizar a mente e o coração para ritmarem numa só freqüência.
          “Eu vou equalizar você,
          numa freqüência que só agente sabe,
          te transformar numa canção
          pra ter você dentro de mim” – Pitty.
          Não pude deixar de notar o mugido da boiada que de longe também demonstravam passividade, harmonia e cumplicidade. Senti vonta de ser criança e em teu seio afagar a minha fome... sorte do bezerro...
          “101,7 FM... eu tô cansado da fazenda
          e de ver cara de boi,
         eu vou pra onde a minha mulher foi” – Rio Negro e Solimões.                                                                                                                                                                                                                                       Por Paulo figueiredo                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                         
  
A Liberdade tem cheiro de mato.

Sinto a briza no ar.
A liberdade tem cheiro de mato.
Vislumbro o horizonte por entre os arbustos.
As árvores bailam ao som do vento.
          Alô! Onde estás
          estou esperando tua resposta
          pois, não acredito na distância.
          Toque-me pelas ondas de rádio    
          quero ouvir tua voz com ressonância
Não há liberdade
Sem você ao meu lado
se é o teu amor que me alimenta,
de que me adianta o cheiro de mato.
          A briza agora não importa
          te imaginei pra vida inteira
          diz agora o que fazer
          se eu tenho inveja do vento que te toca
          e do sol a te aquecer
O Horizonte faz lembra
uma vida sem viver
de que adianta o pôr do sol
se minha luz é você.
Por Paulo Figueiredo