HOJE, EU TIVE UM SONHO.
Hoje eu acordei com um sentimento de que o tempo havia passado. Tive um sonho muito bom, um sonho daqueles que nos faz sentir jovem ainda. Foi um sinal de que o tempo realmente passou. Quando você se sente saudoso de algo que não fez, algo que não viveu e percebe que dificilmente conseguirá realizar, sua mente envelheceu, seu coração perdeu a esperança e você se tornou um velho chato e rabugento, mesmo que só tenha “vinte e poucos anos”.
A vida é muito engraçada, às vezes, penso que fazemos parte de uma grande comédia que nos move num episódio teatral. Cada um tem seu epílogo: uns, no momento mais sublime e de maior sucesso, outros, desejosos de que o ato já tivesse se encerrado há muito tempo. A coisa boa disse tudo é que mesmo representando muito mal essa tragicomédia, nos tornamos uma celebridade no meio em que atuamos.
Na juventude buscamos as técnicas de envelhecimento – aumentamos a idade na carteira de estudante para entrar nos cinemas e bailes, curtindo aquilo que julgamos ser um privilégio dos mais velhos. Fazemos – nós homens – a barba mesmo que não a tenhamos, na esperança de que ela cresça mais rápido. As meninas... bem, deixa isso pr’a lá. Com o passar do tempo achamos aqueles pêlos indesejáveis; diminuímos a idade para parecer experiente, mesmo tão jovem.
As roupas, Ah!!! As roupas; tem mulheres que não percebem o ridículo que se tornam querendo parecer uma menininha, quando a pele dá sinais de isquemia.
Se pudéssemos olhar quadro a quadro o desempenho de nossos atos – como um diretor sentado à frente do palco corrigindo cada palavra, cada figurino, cada gesto – nos tornaríamos melhores atores. Dessa forma, deixaríamos de reclamar uns dos outros e prestaríamos mais atenção em nós.
Já dizia o saudoso poeta: “o tempo não pára”. Verdade absoluta, até mesmo diante da teoria da relatividade. Fórmulas são produzidas em produtos que retardam o envelhecimento, até a pressuposta máquina do tempo – a utopia de todos nós – teimam em fazer-nos crer que é viável. Mas, o que realmente envelhece?
Alguns anos atrás conheci uma jovem senhora com seus 65 anos de idade bem vividos. Sua conversa era atualíssima, o vestuário de muito bom gosto, capaz de causar inveja a “Gisele Bundchen” em seus 1,79 de altura. Bom gosto para música, decoração e a capacidade incrível de superar uma noitada dançando ou acampando com um grupo de adolescentes. Era inamovível no seu bom humor; alguns minutos de conversa e nem se perceberia a diferença de idades. Qualquer um se apaixonaria facilmente, pois, sua vivacidade e alegria podiam fazer com que o tempo não fosse convidado a permanecer.
Dizem que o idoso só tem valor na hora de pagar um plano de saúde, já os objetos velhos são vistos como antiguidades e por isso valem muito. Objeto é antiguidade valorizada; ser humano é velho mesmo e inteiramente sem valor.
O fato é que o idoso jamais terá o mesmo valor do que qualquer objeto considerado como antiguidade. Sendo que, enquanto que o ser humano quanto mais vive é considerado apenas um velho indesejado do qual, na maioria das vezes, todo mundo quer ficar livre. Mas o que realmente importa não é o tempo contado entre dias, meses e anos, mas sim, o tempo relativo derivado do produto da aceleração da mente em relação à idade corpórea “E=M.C.”.
Eureka!!! Diria o cientista pelado correndo pelo meio da rua após uma grande descoberta. Quem poderá sustentar tal afirmação? Não somos todos nascidos numa tabela cronológica e o que nos difere são justamente as idas e vindas de nosso astro rei! Este sim, a grande celebridade do espaço visual permitido; seu desempenho é brilhante, nunca falha, mesmo que não o possamos ver, assim como o tempo que nunca pára; sujeito a ele estamos, pois, na sua ordem definida, marca as estações, os dias e as noites. Desta forma, é que o mundo se torna engraçado, pois enquanto um lado dorme, o outro está em plena atividade e isto no mesmo horário paradigmático.
Estou extasiado; com toda essa troca de idéias; posso ter cem anos e a minha “E=M.C.”, ser igual à de um jovem adolescente, assim como, um jovem pode ter a mesma “E=M.C.” de um velho.
“subo neste palco, minha alma cheira a talco, como um bumbum de nenê”.
É este o palco da vida: a cena não criada, a palavra não proferida, o sonho não sonhado, jamais se tornarão realidade na busca do espaço x tempo, pois, as câmeras não tiram os olhos de você. Um dia nos depararemos com o DVD – ou o que o venha substituir – de nossas ações e é possível que ele esteja em branco, quer dizer, em falta. Portanto, faça algo, mesmo que seja uma atuação medíocre, mas, tente, você consegue, afinal, não é fácil para ninguém, somente livres-se das cordas que o guiam, como no show do “n’sinc”; tome a pílula azul e seu mundo se tornará real como em “matrix”. Faça acontecer, pois, o tempo, este não espera. Mas, não acredite em ninguém com mais de trinta...
Por Paulo Figueiredo
Por Paulo Figueiredo
Tempo
Oh! Tempo,
Há quanto tempo não tenho tempo para ti?
Trouxeste-me vida, a luz da minha vida,
a infância tão querida.
Trouxeste-me os anseios da juventude,
tão plena de amizade e saúde.
Trouxeste-me os anos dourados,
que impregnados de glamour e beleza
fizeram-me deixar-te de lado.
Oh! tempo,
não me deixes ir, sem antes sentir;
aquilo que há de mais bonito.
Já curvado pela idade e cansado de lutar
finalmente te encontrei,
mas, agora preciso partir,
para unir-me a ti
no infinito.
Por Paulo Figueiredo
Por Paulo Figueiredo
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